Minas Gerais reforça seu compromisso com a sanidade animal e o fortalecimento da agropecuária brasileira no cenário internacional. A analista de agronegócio do Sistema Faemg Senar, Mariana Simões, esteve em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, na última semana, representando a entidade na 51ª Reunião Ordinária da Comissão Sul-Americana para a Luta Contra a Febre Aftosa (Cosalfa). Ao lado da CNA e outras federações, o estado levou a voz dos produtores mineiros para o centro dos debates sobre segurança sanitária e transição para o status livre da doença sem vacinação.
A expectativa é de que, em maio deste ano, Brasil e Bolívia sejam oficialmente reconhecidos pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) como países livres de febre aftosa sem vacinação — um marco histórico para a pecuária nacional e um passo importante para ampliar o acesso a mercados internacionais exigentes.
“O reconhecimento como livre de Febre Aftosa sem vacinação é um marco para o nosso país e representa o resultado de anos de trabalho conjunto de todos os elos da cadeia produtiva. Com a transição desses dois países, agora temos 64% do rebanho do nosso continente livre da doença sem a necessidade de vacinação. Esse é um passo importante para consolidar, ainda mais, a qualidade sanitária e produtiva dos nossos produtos de origem animal”, destacou Mariana.
Brasil antecipa conquista sanitária
Segundo a CNA, o Brasil, por meio do Programa Nacional de Vigilância para a Febre Aftosa (PNEFA), previa o reconhecimento internacional apenas em 2026. No entanto, diante dos avanços, a OMSA antecipou o prazo para maio de 2025. A Bolívia segue no mesmo caminho.
A CNA, que integra a equipe gestora do PNEFA desde o início das discussões, teve papel essencial na articulação com o setor produtivo. “Nossa participação tem sido fundamental para mostrar o trabalho que os produtores vêm fazendo para contribuir com a retirada da vacina. O primeiro e mais importante momento de vigilância acontece dentro da propriedade”, afirmou Francisco Olavo de Castro, delegado do setor privado na comissão.
Desafios
Antes da Cosalfa, o Seminário Internacional Pré-Cosalfa 2025 reuniu especialistas e autoridades de diversos países para discutir os desafios da erradicação da doença na América do Sul. A programação abordou temas como a criação de fundos emergenciais, bancos de vacinas, rastreabilidade animal e o papel da comunicação com os pecuaristas.
A erradicação definitiva da febre aftosa exige vigilância constante, tecnologia, investimento e, acima de tudo, o engajamento de quem está na ponta: o produtor rural. Minas Gerais segue como referência nesse cenário, mostrando que o futuro da pecuária está diretamente ligado à responsabilidade sanitária e à união entre nações.
“A vigilância, aliada a uma atuação rápida e eficaz, é uma das principais ferramentas neste novo cenário. O Brasil demonstrou estar preparado e em constante evolução, tanto para prevenir a entrada da doença no país quanto para responder prontamente a um eventual foco. O Sistema CNA, em conjunto com Federações e Sindicatos Rurais, tem sido o principal elo do setor privado neste sentido, atuando diretamente com os produtores rurais por meio da capilaridade das ações e da capacitação, fundamentais para evitar a reintrodução da Febre Aftosa no nosso rebanho”, destacou Mariana.