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Invasão de javalis representa ameaça para o agro

AUDIÊNCIA PÚBLICA
ESCRITO POR CRISTIANE MENDONÇA, ASCOM
10/04/2025 . SISTEMA FAEMG, SINDICATOS, SENAR, INAES
Na imagem, buracos em lavoura causados por javalis - Reprodução

O javali é considerado uma das 100 piores espécies invasoras do mundo, segundo a União Internacional da Conservação da Natureza (IUCN), e tem trazido sérios prejuízos para a flora, fauna e o agronegócio. Preocupado com essa questão, o Sistema Faemg Senar participou, nesta quinta-feira (10), de audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), em Belo Horizonte, para falar sobre a invasão do animal, principalmente, nas propriedades rurais do Triângulo Mineiro. 

Minas é o terceiro estado com maior número de municípios com registros de presença de javalis, segundo o relatório do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), divulgado em 2022. O documento mostra que 198 cidades mineiras já registraram a presença do animal, sendo que 64 dessas estão classificadas com “prioridade extremamente alta” para a prevenção no aspecto ambiental, já que possuem áreas com flora e fauna mais sensíveis. 

A burocracia enfrentada para obtenção de licenças de manejo, em especial, para a emissão de licenças para abate foram alguns dos problemas apresentados durante a audiência. O vice-presidente secretário do Sistema Faemg Senar, Ebinho Bernardes, fez um alerta sobre a importância de se resolver a questão. 

“É sabido por todos nós que o javali é uma praga que destrói as nossas plantações, entre elas, as lavouras de soja, milho e cana. Esse animal é uma espécie invasora que traz grandes prejuízos para os nossos produtores rurais, sejam eles pequenos, médios ou grandes proprietários rurais. Então, o objetivo do Sistema Faemg Senar é apoiar, tecnicamente, a Assembleia Legislativa para sensibilizar os nossos deputados estaduais, para que eles possam aprovar uma legislação mais coerente, que nos ajude a acabar de vez com esse problema que tem trazido grandes prejuízos os produtores rurais”, afirmou.

Ebinho Bernardes: "O javali é uma praga que destrói as nossas plantações, entre elas, as lavouras de soja, milho e cana" - 
Fotos: Alexandre Netto/ALMG

Prejuízos ambientais e agrícolas
O coordenador do Controle de Capivaras e Javalis da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP), em Piracicaba (SP), Paulo Bezerra e Silva Neto, apontou alguns dados que reafirmam o alerta em relação ao animal.

“O javali atinge a maturidade sexual antes de um ano de idade, tem, em média, oito filhotes por ano, podendo alcançar 32 crias em quatro anos. O animal anda em bando e estima-se que ele pode se locomover por até 300 quilômetros por dia. Outro dado alarmante é que ele não encontra predadores naturais, o que facilita sua proliferação”, disse.

Curso d'água destruído pela ação dos javalis - Imagem: Reprodução

O presidente do Sindicato de Produtores Rurais de Sacramento e presidente do Núcleo de Núcleo dos Sindicatos dos Produtores Rurais (SPRs) do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, Osny Zago, fez uma apresentação durante a audiência com fotos e dados que demonstram o estrago causado pelos javalis nas plantações, nascentes e áreas nativas da região. Para ele, é importante resgatar o Projeto de Lei (PL) 1.858/2023 que autoriza o controle populacional e o manejo sustentável do javali-europeu (Sus scrofa) em todas as suas formas, linhagens, raças e diferentes graus de cruzamento.

Osny Zago fez uma apresentação com fotos e dados que demonstram os prejuízos causados pelo animal às lavouras e ao meio ambiente

"Esse PL é muito importante! Precisamos fazer uma convocação para ouvir especialistas e a população e, assim, buscarmos uma solução equilibrada. É fundamental manter um controle para que os javalis não continuem destruindo nossa fauna e flora. Além do mais, eles são portadores de verminoses, consomem adubo, o que representa também um risco para quem consome essa carne", afirmou.

Tratativas 

Deputado Raul Belém ao lado do Major Jader Augusto de Oliveira Silva da Companhia de Polícia Militar de Meio Ambiente

O deputado Raul Belém apontou alguns caminhos em busca de solução para o problema. "A caça é apenas uma das formas de controle — precisamos discutir cientificamente e com responsabilidade as práticas de manejo, inclusive como política de Estado. Temos o Projeto de Lei 1.858, que trata do manejo do javali em Minas Gerais e pode avançar com o apoio dos relatos dos produtores e das audiências públicas que estamos promovendo”, disse.

Ao final da audiência, o deputado também propôs a criação de um grupo de trabalho para tratar do assunto. Esse grupo seria coordenado pelas Secretarias de Agricultura e Meio Ambiente.

Presenças
O encontro contou com as participações da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater), Instituto Mineiro Agropecuário (Ima), Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP), em Piracicaba (SP), Superintendência de Agricultura em Minas Gerais do Ministério da Agricultura e Pecuária, Polícia Militar de Minas Gerais, Clube Mineiro de Caçadores, entre outros.